Cenário global volátil e avanços em Inteligência Artificial forçam empresas a repensarem estratégias de controle e proteção de dados
A complexidade dos riscos exige uma abordagem integral das empresas para gerenciá-los e supervisioná-los, conforme destaca o estudo “On the 2025 Board Agenda”, publicado pela KPMG no final de 2024. Simultaneamente, as organizações brasileiras enfrentam o desafio de implementar inovações tecnológicas em um cenário marcado por incertezas geopolíticas e pressões operacionais.
A pesquisa ressalta que os conselhos de administração precisam estar preparados para responder às mudanças nos cenários político, econômico e tecnológico. Os riscos, juntamente com a possibilidade de disrupção política e social, continuarão a impulsionar a volatilidade no ambiente de negócios em todo o mundo.
Essa necessidade de agilidade tem levado organizações a repensarem suas estruturas de controle, a partir da adoção de sistemas de gestão empresarial integrados para centralizar informações e acelerar processos decisórios.
IA intensifica necessidade de governança de dados
Ainda conforme o estudo da KPMG, o uso da Inteligência Artificial (IA) generativa exige avaliações mais rigorosas dos frameworks de governança de dados das empresas, que precisam revisar de forma mais criteriosa as regras e os processos para coletar, armazenar e utilizar as informações dos clientes.
Relatório da consultoria Gartner projeta que mais de 50% das decisões empresariais serão apoiadas por análises de dados baseadas em IA ainda este ano. A transformação demanda não apenas investimento em tecnologia, mas também adequação de processos internos.
Neste sentido, o setor industrial tem recorrido a ferramentas, como planilhas de controle de produção, para organizar dados operacionais antes de implementar soluções mais avançadas. A adequação do framework de governança de dados é uma área prioritária para os conselhos, envolvendo o cumprimento das leis e regulamentos de privacidade, que podem variar por setor e jurisdição, como destaca o estudo da KPMG.
Brasil registra alta de 70% em crimes digitais
No Brasil, os ataques cibernéticos cresceram quase 70% em 2024, segundo dados apresentados pela especialista em difusão tecnológica da ManageEngine, Ana Clara Corneau Soares, em entrevista à imprensa. Sem uma infraestrutura de cibersegurança, a inovação pode ser freada por riscos de comprometimento da privacidade e da segurança dos dados.
O custo de lidar com as consequências de uma violação de segurança é mais alto do que investir em inovação, alerta a especialista. Os gastos incluem perdas financeiras, notificações a clientes, consultoria jurídica, auditorias e multas por descumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A quantidade de dados gerados diariamente também intensifica os desafios. Segundo estimativas do Statista, são gerados 402,74 milhões de terabytes de dados por dia. Em 2023, foram criados 120 zettabytes de dados, número que deve crescer mais de 150% até dezembro deste ano, alcançando 181 zettabytes. Para referência, um zettabyte equivale a 1021 bytes (um bilhão de terabytes ou um trilhão de gigabytes).
País ocupa 50ª colocação em ranking mundial de inovação
De acordo com o Índice Global de Inovação (IGI) de 2024, o Brasil ocupa a 50ª posição entre os países mais inovadores. Apesar de ser o líder da América Latina e do Caribe, o país caiu uma posição em relação ao ano anterior.
“Toda inovação traz benefícios, mas também novos riscos. O papel das empresas não é escolher entre um ou outro, mas sim desenvolver uma gestão madura o suficiente para inovar com responsabilidade. Na indústria, isso significa unir tecnologia à visão de processo e capacitar as pessoas para lidar com as novas tecnologias”, avalia o engenheiro e diretor comercial da Nomus, Thiago Leão.
