Sistema BI-RADS padroniza interpretação e orienta condutas médicas em todo o país
Uma classificação numérica de 0 a 6 define mundialmente como interpretar cada laudo de mamografia e orienta médicos sobre as condutas necessárias. A interpretação correta pode reduzir a ansiedade de pacientes e facilitar o diálogo com os profissionais de saúde. Só em 2023, foram realizadas 4.415.595 mamografias no Sistema Único de Saúde (SUS), segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), incluindo exames de rastreamento e investigação diagnóstica.
O sistema BI-RADS (Breast Imaging and Reporting Data System), criado pelo Colégio Americano de Radiologia, estabelece categorias numeradas que indicam diferentes graus de suspeição, responsáveis pela orientação das condutas subsequentes.
Laudos que apontam necessidade de investigação adicional evidenciam a importância de compreender o que é oncologia antes dos próximos passos. A mamografia consegue detectar tumores com menos de 2 centímetros, que não seriam percebidos através do autoexame preventivo.
BI-RADS 0 e 1: situações que requerem esclarecimento ou indicam normalidade
A categoria BI-RADS 0 significa que o exame foi inconclusivo, necessitando de imagens adicionais ou comparação com exames anteriores. A classificação pode ocorrer devido a problemas técnicos durante a realização do procedimento, como movimentação da paciente ou posicionamento inadequado das mamas. A conduta padrão consiste na realização de novos exames de imagem para obter registros de qualidade adequados.
Já o BI-RADS 1 indica resultado sem qualquer alteração identificada nas mamas. Neste caso, o risco de lesão maligna é nulo, e a recomendação consiste no retorno ao rastreamento de rotina, conforme as diretrizes que estabelecem mamografia bianual para mulheres entre 50 e 69 anos.
BI-RADS 2 e 3: achados benignos e provavelmente benignos
O BI-RADS 2 identifica achados tipicamente benignos, como calcificações, lipomas, hematomas ou cicatrizes cirúrgicas. Embora apresente alguma alteração visível, as características preliminares permitem afirmar que se trata de lesão benigna, mantendo o risco de malignidade em 0%. A conduta recomendada permanece o seguimento de rotina.
A categoria BI-RADS 3 representa achados provavelmente benignos, com baixo risco de malignidade, aproximadamente 2%. Nesta situação, o radiologista encontrou alguma alteração que não pode ser classificada como definitivamente benigna, mas apresenta características que sugerem benignidade. A recomendação envolve controle mamográfico em prazo de seis meses para acompanhar a evolução da lesão.
BI-RADS 4 e 5: suspeitas que demandam investigação histopatológica
As categorias BI-RADS 4 e 5 indicam diferentes graus de suspeição para malignidade, demandando investigação por meio de biópsia. O BI-RADS 4 corresponde a achados suspeitos, com risco de malignidade variando entre 2% e 94%, dependendo das características específicas da lesão. Esta categoria ainda se subdivide em 4A, 4B e 4C, conforme o nível crescente de suspeição.
O BI-RADS 5 representa lesões altamente suspeitas de malignidade, com 95% de probabilidade de corresponder a câncer de mama. Por isso, além da biópsia para confirmação diagnóstica, já se inicia o planejamento para possível tratamento cirúrgico.
Quando confirmado o diagnóstico de malignidade, os tipos de câncer de mama determinam as estratégias terapêuticas usadas. O tratamento pode incluir diferentes modalidades, desde cirurgia conservadora até terapias sistêmicas, dependendo das características biológicas do tumor e do estadiamento da doença.
BI-RADS 6: malignidade comprovada em acompanhamento
A classificação BI-RADS 6 é aplicada exclusivamente a pacientes com diagnóstico confirmado de câncer de mama que realizam mamografias para monitoramento durante o tratamento. A categoria serve para acompanhar a resposta terapêutica e detectar possíveis recidivas.
Conhecer os efeitos colaterais da radioterapia – que incluem descamação, escurecimento e vermelhidão da pele, queda de pelos na área tratada, além de possível cansaço e alterações cardíacas quando aplicada na região torácica – auxilia no manejo adequado dos sintomas e na adesão ao tratamento proposto pela equipe multidisciplinar.
Estrutura completa do laudo médico
Além da classificação BI-RADS, o laudo mamográfico deve conter informações padronizadas: nome completo da paciente, identificação do local onde foi realizado o exame, nome do médico solicitante, data do procedimento, justificativa para a solicitação, descrição detalhada dos achados, hipótese diagnóstica e informações complementares sobre a paciente, como idade e características físicas relevantes.
A qualidade da interpretação mamográfica está diretamente relacionada à capacidade de detectar alterações de pequeno tamanho ou baixa densidade. Segundo dados técnicos da área, enquanto exames sem adequado rigor de qualidade apresentam sensibilidade de 66%, protocolos mais criteriosos elevam a acurácia diagnóstica para faixas entre 85% e 90% em mulheres acima de 50 anos.