Mais de um milhão de brasileiros convivem com o vitiligo, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A condição crônica se manifesta por meio de manchas brancas na pele devido à perda de melanina, pigmento responsável pela sua coloração.

De acordo com o Ministério da Saúde, as causas do vitiligo ainda não são totalmente esclarecidas. No entanto, fatores emocionais, traumas ou outras condições podem influenciar no seu surgimento e agravamento.

Para a dermatologista Silvia Müller, coordenadora do Ambulatório de Vitiligo do Serviço de Dermatologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), a hipótese mais aceita cientificamente é a autoimune, na qual o próprio organismo produz anticorpos que inativam ou destroem os melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina. 

Embora a cura seja rara, ela destaca que há tratamentos disponíveis para controlar a doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, incluindo medicamentos de uso tópico ou oral, industrializados e manipulados, assim como terapias com luzes e laser e procedimentos cirúrgicos, como o microagulhamento (IPCA) e o transplante de melanócitos.

Pesquisadores também apontam que a suplementação de determinados nutrientes pode contribuir para a repigmentação da pele em pessoas com vitiligo. Segundo estudo publicado no National Library of Medicine (NLM), vitaminas e minerais, como vitamina B12, ácido fólico e zinco, podem favorecer esse processo.

A pesquisa destaca que um experimento realizado na Universidade do Alabama, que analisou 15 pacientes com vitiligo, identificou níveis reduzidos de vitamina B12 e ácido fólico em seus organismos. Após três anos de suplementação, foi percebida a repigmentação em oito desses participantes

O ácido fólico é convertido no organismo em metilfolato, sua forma ativa. O Instituto de Psiquiatria do Paraná (IPPr), ao explicar em seu portal o que é metilfolato, destaca que essa vitamina do complexo B é fundamental para a vida humana, tendo em vista que ela atua no DNA e no RNA, auxiliando na produção de novas proteínas, além de estar envolvida no crescimento e na divisão celular.

A dermatologista Denise Steiner, membro da SBD, explica que os melanócitos sofrem agressões que podem levar à sua destruição ou perda da função de produzir melanina. Nesse processo, podem ser formados produtos tóxicos e, segundo ela, a combinação de nutrientes como a vitamina C, a vitamina B12 e o ácido fólico pode ser fundamental para a preservação dessas células.

Diversas outras substâncias têm sido avaliadas para investigar a sua relação com o vitiligo, como é o caso da coenzima Q10 (CoQ10). Segundo estudo também publicado no NLM, foram relatados níveis reduzidos dessa substância em amostras epidérmicas de pacientes com a doença. 

Ao discorrer sobre para que serve a Coenzima Q10, a pesquisa mostra que a enzima realiza diversas funções consideradas essenciais no organismo, como a função mitocondrial normal e a atuação como antioxidante e agente anti-inflamatório. Ela também é apontada como fundamental no processo de fosforilação oxidativa, transportando elétrons dentro da cadeia de transporte mitocondrial. 

Além disso, a CoQ10 protege as mitocôndrias dos danos causados por radicais livres de oxigênio, contribuindo para o bom funcionamento do sistema imunológico. Contudo, a constatação de efeitos benéficos da sua suplementação em pacientes com vitiligo ainda depende de mais estudos.

Diagnóstico e tratamento deve ser personalizado 

De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico do vitiligo é clínico, tendo em vista que as manchas hipopigmentadas aparecem em regiões bem características do corpo, como ao redor da boca, nariz e nos joelhos. 

A biópsia cutânea serve para confirmar a ausência de melanócitos nas áreas afetadas e, especialmente em pacientes com pele branca, o exame com lâmpada de Wood, que emite luz fluorescente, ajuda a identificar as regiões de vitiligo.

O órgão explica que exames laboratoriais, incluindo testes imunológicos, devem ser realizados para verificar a presença de outras condições autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico e a doença de Addison. A análise do histórico familiar também é importante e, caso haja familiares afetados pela doença, a vigilância deve ser mais rigorosa. 

O diagnóstico preciso e a determinação do tipo de vitiligo devem ser feitos por um dermatologista, que vai orientar sobre o tratamento mais adequado, que deve ser personalizado, considerando as particularidades de cada paciente, já que a resposta terapêutica pode variar entre as pessoas. 

Com o tratamento adequado, é possível alcançar o controle da doença e, em muitos casos, repigmentar a pele completamente, sem distinções de cor.

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